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Beatles na PUC

PUC-Rio inova e cria especialização sobre os Beatles

Curso de extensão aborda a história, a evolução artística e a influência cultural do conjunto inglês na sociedade pós-moderna

Luisa Girão, iG Rio de Janeiro

Roger Waters e Pink Floyd criticam o sistema em “Another Brick In The Wall”. Alice Cooper celebra – de uma forma bem rebelde – a formatura em “School's Out". A sala de aula e o Rock n’Roll têm uma relação complicada e não faltam exemplos. Mas desde a última semana a tradicional faculdade PUC- Rio mostra que está disposta a romper com o tabu e oferece em sua grade um inusitado curso de extensão inteiramente dedicado a uma das principais bandas da história: Os Beatles.

Foto: George Magaraia 
A aluna Mariana Salim, de 29 anos, tem tatuagem do famoso submarino amarelo

"Beatles: história, arte e legado", ministrado pelo departamento de Letras da universidade, aborda toda a história, evolução artística e influência cultural e midiática do conjunto na sociedade pós-moderna. “Pretendemos cobrir toda a história dos Beatles, através dos discos e músicas mais relevantes, utilizando de clipes a trechos de filmes e aproximando o grupo da história do seu tempo. Além da história, vamos entender a filosofia do grupo inglês e, por exemplo, como a banda influenciou o movimento tropicalista aqui no Brasil”, explica o doutor em Literatura Brasileira pela PUC, pós-doutor pela Universidad de Salamanca, na Espanha, e coordenador do curso, o professor Júlio Diniz.

A ideia da especialização surgiu depois que  Eduardo Brocchi, professor de Engenharia na PUC e beatlemaníaco confesso, descobriu que a Universidade de Liverpool, na Inglaterra, tem um mestrado sobre o quarteto. “Eu e alguns amigos ficamos com vontade de fazer, mas o curso demora quatro anos. Então, pensamos: temos que fazer isso aqui no Brasil!”, disse ele, que tem mais de 400 livros sobre o Fab Four e uma coleção de apetrechos raros como CDs, vinis etc.

São sete professores com as profissões mais distintas. Tem filósofo, jornalista e até dentista. Todos usando o seu connhecimento adquirido em livros, viagens e pesquisas sobre o quarteto de Liverpool. “Somos aficionados pelo universo dos quatro músicos mais importantes da segunda metade do século passado”, afirma o professor Luis Otávio Pinheiro, que também é titular no curso de Engenharia da PUC.

De beatlemaníacos a alunos

A primeira turma do curso "Beatles: história, arte e legado" é formado por 25 pessoas, com idades entre 19 e 61 anos. A jornalista Maria Estrella, de 43 anos, tem orgulho de dizer que foi a primeira inscrita. “Liguei todas as semanas para cá para saber quando começariam as inscrições. Sou beatlemaníaca e, por mais que saiba grande parte da história deles, sempre há algo novo para aprender”, diz.

A contadora Vera Nunes, de 57 anos, mora em Volta Redonda. Mas é tão fã de Beatles que gasta de duas a três horas para ir à Gávea, assistir às aulas do curso de extensão. Mas essa não é o primeiro sinal de devoção dela. Além de ter ido para Liverpool e rodado o Brasil atrás de Paul McCartney, ela batizou a filha dela com o nome de Maurine, primeira mulher do baterista Ringo Starr. “As aulas são uma boa oportunidade para conhecer outros apaixonados como eu e trocar experiências e conhecimento”. 
Foto: George Magaraia
O engenheiro e professor do curso Luis Otávio Pinheiro utiliza seu violão para mostrar acordes importantes na história do Fab Four


A estudante do primeiro período de psicologia Theodora França, de apenas 19 anos, é a mascote da turma. “Por incrível que pareça, não comecei a gostar de Beatles por causa dos meus pais. Acho que eles começaram a escutar por minha causa”, conta ela, que acrescenta: “Como ainda não trabalho, são eles que estão pagando o meu curso. Mas tive que explicar que era importante para mim. Nunca é demais se aprofundar em algo que você já ama”, disse.

Outro aluno, o médico Rodrigo Toledo, de 37 anos, é fã de Beatles desde criancinha. Colecionador de material relativo à banda ele toca anualmente com sua banda cover Blue Beatles na International Beatle Week Festival, em Liverpool. “Geralmente, temos uma lembrança não agradável da sala de aula, com provas e testes. Nunca pensei estudar ídolos meus em uma faculdade. Para mim isso é um hobby, não é uma aula”.

“O sucesso abre portas para estudarmos outros ícones importantes da nossa cultura. A bossa nova, por exemplo, está um tanto quanto esquecida aqui no país. No entanto, lá fora, as pessoas são apaixonadas. Podemos fazer esse resgate”, analisa Diniz. A lista de espera para o curso "Beatles: história, arte e legado" já tem 13 nomes, o que pode resultar numa segunda turma, no segundo semestre. Cada aluno terá que desembolsar R$ 1.860 por 12 aulas.
É bom lembrar que os Beatles também criticaram escola e professores, como na música "Getting Better", composta por Paul McCartney. Mas esse curso, com certeza, eles aprovariam.

     
Vera Nunes é tão beatlemaníaca que colocou na sua filha o nome da primeira mulher de Ringo Starr - Foto: George Magaraia



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